Que farás tu meu Deus, quando eu morrer?
Sou o teu cântaro (quando me quebrar?)
Sou a tua bebida (quando me estragar?)
Sou o teu manto e o teu operar,
comigo tu o teu sentido vais perder.
Depois de mim não tens casa
que restou
com palavras próximas e calorosas para te saudar.
Cai dos teus pés cansados, sem se levantar,
a sandália de veludo que eu sou.
O teu grande manto de ti se vai desprender.
O que eu em minha face, o teu olhar,
como almofada, com calor, costumo acariciar,
virá, buscar-me-á sem desfalecer…
E ao pôr do sol irá procurar
descanso em pedras estranhas.
Que farias tu, meu Deus? Tremem-me as entranhas.
RAINER MARIA RILKE (1875 – 1926) – O Livro de Horas
(tradução e apresentação de Maria Teresa Dias Furtado)
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