terça-feira, 14 de agosto de 2012

VIVER

                  Vindo do meio das brumas
No seu cavalo alado
Enfeitado com tantas plumas
Ofuscando quem estava a teu lado
Ele apareceu
Como Rei e Senhor do teu ser
E não te mereceu
Pois apenas te quer ter.
E na noite
Escura e bruta
Tu procuras o teu perder
Pois pela falésia abrupta
Ele atirou
O que não te é possível defender.
E no dia
Com o Sol que brilha e arde
Tu queres te encontrar
Mas com muito alarde
Ele grita
Que não te volta a dar.
E no frio
Que te chegou e se incrustou
Tu não descobres o brio
Que é preciso haver
Pois ele destrói
O que há em ti de herói.
E no vento
Forte e bento
Tu não encontras alento
Para te ires buscar
Pois ele reclama
O que tu mais amas.
Mas no fim
Há-de aparecer
Aquele que te vai ter
E com a sua sabedoria
Irá, no fim do dia
Fechá-lo e guardá-lo
Para que tu
Possas, por fim
Voltar a viver.
CARLOS SOUSA RAMOS (1956)
Ode à Vida e Outros Poemas

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