sábado, 11 de agosto de 2012

LEVANTO...

Levanto as mãos e o vento levanta-se nelas.
Rosas ascendem do coração trançado
das madeiras.
As caudas dos pavões como uma obra astronómica.
E o quarto alagado pelos espelhos
dentro. Ou um espaço cereal que se exalta.
Escondo a cara. A voz fica cheia de artérias.
E eu levanto as mãos defendendo a leveza do talento
contra o terror que o arrebata. Os olhos contra
as artes do fogo.
Defendo a minha morte contra o êxtase das imagens.

HERBERTO HELDER (1930) – Ofício Cantante

Sem comentários:

Enviar um comentário