sexta-feira, 31 de agosto de 2012

ÍCONES ESCONDIDOS


Ícones escondidos
mostram-se ao relento.
Eles sabem que no cansaço da noite
não há naufrágio que não desvende o seu despojo.
(nem madrugadas que cheguem ao que se quer dos dias)
o que, por soberba, se criou).
Ícones são iguais:
morrem na praia.

Mas agora
remexidos
depois de bem imaginados os destroços
que ninguém os apedreje.

Na baixa-mar
ninguém os olhe de frente –
o seu olho arrancado e o outro tão transparente
pasto de novos predadores –

ninguém os apedreje
em rigor
nem nos olhos.

SÉRGIO GODINHO – o Sangue Por Um Fio

Sem comentários:

Enviar um comentário